Segunda-feira, 27 de Fevereiro de 2006

Hoje...

planeta[1].jpg

Então, hoje, depois de ter chegado aqui

A este local do tempo que se traduz fisicamente num determinado ponto do planeta onde estou preso dentro do indumento que sou

A este lugar de emoções desperdiçadas

Às recordações que os resíduos delas me lembram

Com o odor familiar que me fazem sentir

Apesar de não ser detectado pelo olfacto dos outros

É-o pela minha imaginação


Enquanto vai escurecendo o dia que se perde na noite que chega

Preparo o corpo que me levará pelos locais do meu contentamento

Abrindo as janelas da mente

Dotando-me de mais um segundo de tempo

Fundo-me na atmosfera

E sou ele

Mundo que fascina pela sua diversidade

E morre pela minha ganância

Enquanto isso

Já morto

Morro com ele

Volto então para a cápsula que me acolhe

E deixo que me transporte no tempo

Sem destino conhecido

Hoje…









publicado por seforis às 17:52
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Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2006

Crianças


CAU7O5UZ.jpg
Sou criança

Olho para ele e não gosto do que vejo

Não percebo muito bem porquê

Comento com os meus amigos

E, parece-me, também eles não entendem muito bem a repugnância que fazemos questão de demonstrar perante a atitude que o sujeito toma em relação à vida

Resolvemos mostrar o nosso desagrado

Todos juntos, para que a motivação não se perca e, não se ganhe outras que poderão não ser muito do nosso contento

Lá vamos à procura daquele estranho divertimento

Sempre ignorando as verdadeiras razões

Contudo, impelidos por algo também inexplicável

Cerramos os dentes

Sobe-nos o sangue à cabeça

E sentimo-nos uns verdadeiros heróis

Com uma sagrada missão para cumprir

E, para que não haja duvidas da nossa enérgica condição de verdadeiros machos

Não deixamos os nossos créditos em mãos alheias

E cumprimos a missão na íntegra

O que sobra no final é uma extrema sensação no fundo do estômago que dificilmente passa. Que nos deixa mais incitados a voltar à carga na próxima oportunidade

Somos valentes

Não podemos ficar assim

Com remorsos

A próxima vez já não será para afrontar o alvo dos nossos furiosos ataques

Mas para expiar aquilo que, anteriormente, nos fez duvidar da legitimidade do acto e, ao fim e ao cabo, da nossa pertença coragem

Assim, como a solução já não está no inocente

Nem nunca esteve

Por desespero e manifesta incapacidade de compreender o que somos

Eliminamos aquilo que nos parece ser a origem do mal

Porém, incompreensivelmente

Ele continua lá




















publicado por seforis às 08:25
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Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2006

Despertar

amanhecer[1].jpgFoto: Gabriel Rigon

Acordei da noite

Ainda entorpecido da imobilidade a que me sujeita

Mergulho o rosto na água benta que, milagrosamente, acorda o que dorme em mim

Abro os braços

Elevando-os para o horizonte que espreita pela janela

Penetrando através de sólidos e transparentes vidros

E que, indiscretamente, me toca

Elevando-me serenamente com o intuito de me levar a conhecer o mundo que é

Aberta a porta, deparo-me com uma imensidão de luz

A visão de um imensurável mar que sempre me acompanhou

Mas que nem sempre me deu a alegria que seria de esperar

Quando mais nada se espera de nós

Exigimos dos outros aquilo que nós próprios não alcançamos

Inabilidade

Deixo então que me leve

Vejo o solo e não o piso

Rompo o, agora, frio e cortante ar

E está quente o que sou

Continuo o périplo que me foi ternamente oferecido

Pela vida me desloco

Sempre…levitando nos seus braços

Sinto o seu pulsar

E, do seu, bate o meu







publicado por seforis às 18:07
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Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2006

Sem Memórias

noite[1].jpgFoto "Noite": Ricardo Vinícios Batista


Adormeci sem memórias

Sono vazio de imagens que possa ter visualizado

Incapacidade de verbalizar o que poderei ter sentido

Na captação do que se deparou perante um olhar desprovido da capacidade de transmitir informações ao seu fiel guardador

Foi longa a noite

Percorri-a sem sonhos

Despojada de conteúdo

Não se fez obstáculo

E passou rápida por mim

Fria, negra e indiferente

Deixou que ficasse deitado naquele chão gelado combatendo o vento cortante, barrando as águas que tentavam passar por baixo daquilo que parecia o meu corpo, cerrando os dentes dele e apertando fortemente os braços no peito nu… …entreguei-me a ela…

Acordei preso em si

Que entretanto se tinha feito clara e quente

Quando ensopado do gelo acumulado que se derretia perante a luminosidade com que me banhava o desacautelado corpo

Deixei que fossem meus os seus raios

Quando os seus lábios me escorregaram na face

Recordei…









publicado por seforis às 19:32
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Domingo, 19 de Fevereiro de 2006

ÚLTIMO MOMENTO



Construindo-te...
publicado por seforis às 11:20
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Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 2006

Palavras... Ignóbeis Palavras

CAC1Q91Y.jpg

Auschwitz

Memória que não deseja-mos que se repita

Pedaço de tempo despedaçado que se derramou no chão que pisamos

No ar que respiramos

Absorvido pelas águas de pequenos e grandes rios

Depositando-se nas profundezas da terra

Esperando que a temeridade de povos triturados pela miséria e pelo desespero do isolamento implacavelmente imposto por outras insanidades, lance novamente o fertilizante fétido que precede os grandes genocídios

Porque não te deixam ficar onde pertences?

Que estranho domínio se apodera da mente humana?

Quando devassada pela reflectida imagem da sua pequenez pretende reduzir todas as outras à destruição total

Quando ameaçada por algo que parece maior do que aquilo que pretensamente somos

Impossibilitamos o seu crescimento

Oprimindo povos e culturas

Marginalizando-os, acossando-os, atropelando os sonhos de adultos

Minando as esperanças de crianças que só desejam o mesmo que as nossas…

Olhando para este gigantesco mar vejo surgir das suas águas milhões de espíritos que se manifestam contra a irresponsabilidade presente

Implorando que não se repita tão ignóbil acto

Que cada um dos protagonistas de hoje se aliem de coração desguarnecido

E que coloquem aquele pedaço de tempo no lugar a que pertence

E outros pedaços que se agreguem …








publicado por seforis às 17:51
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Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2006

ÚLTIMO MOMENTO


lc050703[1].jpg

Liberdade de expressão…

Se não relatar o que penso da situação actual sinto que não o faço por limitações impostas

Ameaçado de morte… silencio o meu pensamento

A partir do momento em que o faço

Mesmo que não tenham cumprido a ameaça

Porque obedeci

Morro

E não me é feito o enterro físico por manifesta falta de corpo

Que entretanto definha fingindo que vive

Olhando o horizonte que se aniquila por crenças valorosas

Diminuindo o alcance que tenho dele

Cego

Corpo deixado a vaguear sem sepulto

Para que os demais arautos não caiam na tentação de usarem a palavra para descrever o sol que deveria desofuscar todos os espíritos

Esse sol, entretanto, vai escurecendo aqueles que, por falta de confiança nas suas práticas, destroem tudo o que lhes pareça ameaça aos seus ideais

Por precaução, pelo risco real de findar-mos aqui

Pelo confronto que se teme

Sepulta-se os espíritos de nós

Silenciamos então a nossa voz

Deixamos que a apatia domine os nossos olhares

E somos carcaças ambulantes que satisfazem vontades de povos inseguros quanto às suas crenças

Indignados, partimos à procura do que, por medo, nos foi retirado

Por medo, usamos aquilo a que chamamos LIBERDADE de EXPRESSÃO

E, num acto imprudente e não menos inseguro que outros já aqui criticados

Caricaturamos…


publicado por seforis às 17:07
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Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2006

ÚLTIMO MOMENTO

Nenufares2.JPG

Vai frio, aqui, neste lugar onde me encontro

Vai passando o tempo por ele

Envelhecendo-o

Cavando sulcos infindavelmente profundos no seu corpo frágil

Rasgando a visibilidade de si

Tornando-o cada vez mais desvanecido aos meus cansados olhos

Até que não reste mais do que pequenas lembranças do que foi um dia

Vai frio, aí na amargura do teu olhar

Na docilidade que carregaste no tempo até aqui

E que me ofereces agora no fim dos teus ternos batimentos

A experiência milenar

Que cronicamente desperdiço

Envelheço quando o espelho me diz que não

Rejuvenesço quando me sussurras ao ouvido o desejo de me levar nos braços

Iludindo com um calor artificial

Aqueces-me

publicado por seforis às 21:25
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Sábado, 11 de Fevereiro de 2006

Ingenuidade



Recomeçar cada segundo da vida

Esgota-se cada segundo dela


Confiar que, aqueles com quem falamos e abrimos as janelas do nosso mundo

Não vão pensar que, por isso, somos propriedade deles


Ingenuidade intrínseca de quem acredita nos outros

De quem só a consciencializa quando a dor morde e pouco se pode fazer para a anular


Desvanecesse assim o que poderia ser mágico para mim

Parecendo aos outros ilusão artificiosa do que queríamos ser


Sendo o que somos

Fraudulentos


Aos olhos daqueles que um dia entregamos a nossa credulidade

Por candura natural


Recomeçar pode ser aliciante

Mais o seria se um segundo pudesse ser um ano…



publicado por seforis às 19:19
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Ainda...


...continuo a tentar alterar o modo como vejo o meu blog...
publicado por seforis às 10:47
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