Liberdade de expressão
Se não relatar o que penso da situação actual sinto que não o faço por limitações impostas
Ameaçado de morte
silencio o meu pensamento
A partir do momento em que o faço
Mesmo que não tenham cumprido a ameaça
Porque obedeci
Morro
E não me é feito o enterro físico por manifesta falta de corpo
Que entretanto definha fingindo que vive
Olhando o horizonte que se aniquila por crenças valorosas
Diminuindo o alcance que tenho dele
Cego
Corpo deixado a vaguear sem sepulto
Para que os demais arautos não caiam na tentação de usarem a palavra para descrever o sol que deveria desofuscar todos os espíritos
Esse sol, entretanto, vai escurecendo aqueles que, por falta de confiança nas suas práticas, destroem tudo o que lhes pareça ameaça aos seus ideais
Por precaução, pelo risco real de findar-mos aqui
Pelo confronto que se teme
Sepulta-se os espíritos de nós
Silenciamos então a nossa voz
Deixamos que a apatia domine os nossos olhares
E somos carcaças ambulantes que satisfazem vontades de povos inseguros quanto às suas crenças
Indignados, partimos à procura do que, por medo, nos foi retirado
Por medo, usamos aquilo a que chamamos LIBERDADE de EXPRESSÃO
E, num acto imprudente e não menos inseguro que outros já aqui criticados
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